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Resenha do livro: "Eu Sou Malala", de Malala Yousafzai


Estive com esse livro na estante para lê-lo desde seu lançamento, em 2013, mas sempre o deixei para depois. Ficava sempre me questionando se haveria tanto conteúdo para que ela escrevesse sobre o atentado sofrido por autoria Talibã. Agora, após a leitura, creio que haveria muito mais.
O livro é mais do que uma biografia: é um relato histórico sobre a realidade vivenciada pelas famílias do Paquistão. Por meio de suas memórias, Malala nos conta a respeito da criação de seu País, a tradição de sua família e sua infância no Vale do Swat, um local lindo e de paisagem predominantemente verde, conhecido como a "Suíça do Oriente".

Desde o início pude perceber que o grande protagonista da história foi seu pai, o ativista Ziauddin Yousafzai. Em uma nação onde a participação das mulheres na sociedade é negada e até mesmo criminalizada, ele recebeu o nascimento de sua filha com um sentimento de honra, disposto a fazer o que seu pai não fez por suas irmãs: dar-lhe o direito de viver sua vida com todos os direitos possíveis, sem cortar-lhe as asas. O incentivo dos pais de Malala a garantirem-lhe a educação foi a base fundamental para que ela crescesse consciente sobre o mundo ao seu redor. Conforme ia crescendo, Malala tornou-se cada vez mais companheira de Ziauddin, seu pai, participando de diversos movimentos em prol da garantia do direito fundamental à educação em seu País, ganhando a notoriedade suficiente para ser considerada uma ameaça ao Talibã, que buscava se fundamentar na região.
Em outubro de 2012, sofreu o atentado à mão armada, recebendo um tiro em seu olho esquerdo. Desde então, ganhou popularidade internacionalmente e recebeu até mesmo o Prêmio Nobel da Paz, sendo a pessoa mais jovem a conquistá-lo, com apenas 16 anos. As balas não impediram Malala de continuar sua militância, pelo contrário: tornaram sua causa mundialmente conhecida.

Pakistan's Malala accepts Nobel Peace Prize
Malala recebendo o Nobel da Paz
Para quem vive no Ocidente, em um País como o Brasil, é difícil imaginar que o simples ato de segurar em suas mãos um papel e uma caneta seja algo tão revolucionário. Muitas vezes, quando meus pais me ouviam reclamar sobre acordar cedo para ir à escola ou por ter de estudar, sempre diziam para que eu fosse grata por isso, e eu não entendia exatamente o que eles queriam dizer. Agora eu entendo: para algumas pessoas, ter a simples oportunidade de sair de casa, usando uma mochila, é um privilégio. Um direito explicitamente negado e rasgado, principalmente às mulheres. A partir disso, surge a necessidade de estar atento aos direitos que já se possuem e a importância de continuar lutando por muitos outros, garantindo que estejam ao alcance de todos, sem discriminação. 
Ainda que nós, mero mortais, não possamos agir de modo tão significativo como Malala em prol de uma causa, precisamos cultivar o sentimento de empatia, o costume da gentileza e a boa vontade de oferecer ajuda ao próximo, ainda que esses pequenos atos não façam diferença em grande escala. Certamente, nessas breves ações temos a chance de assegurar os principais direitos humanos, sendo um deles, o direito de viver em paz.


"É preciso continuar lutando contra a ignorância."

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